05/04/2008 - 17h36
SAN JOSE, Colômbia, 5 Abr 2008 (AFP) - O ceticismo tomou conta neste sábado de San José ante a falta de sinais das Farc para que uma missão médica francesa possa chegar de Bogotá a essa cidade do sudeste do país e entrar na selva para socorrer a refém franco-colombiana Ingrid Betancourt.
Apesar da falta de notícias, a missão humanitária francesa permanecerá onde se encontra, enfatizou o chefe da diplomacia de Paris, Bernard Kouchner, falando ao canal France 2. "Recebemos informações muito preocupantes sobre o estado de saúde de Ingrid Betancourt. É preciso agir. Agora esperamos notícias das Farc", acrescentou.
Enquanto aumenta o desânimo das autoridades e habitantes, cresce a preocupação em relação ao estado de saúde da ex-candidata presidencial refém das Farc há seis anos.
Um médico que a teria examinado concluiu que ela tem hepatomegalia (aumento do fígado), gastrite crônica, refluxo gastro-esofágico, malária, desnutrição, irritação no colo e uma forte dor no hipocôndrio direito.
Segundo a TV Caracol, o médico, identificado como Helver Uriel Rodríguez, examinou Betancourt há pouco tempo e entregou à promotoria uma lista dos problemas de saúde da refém da guerrilha.
O médico, guerrilheiro confesso e que foi capturado há duas semanas no povoado de Mosquera, na região de Bogotá, confirmou que o estado de saúde da refém franco-colombiana é grave.
Segundo o doutor Camilo Novoa, consultado pela AFP, o diagnóstico revela que Betancourt tem um grave caso de malária não tratada, o que provocou a inflamação do fígado e pode levar a uma falência hepática.
O médico também advertiu que Betancourt pode sofrer de uma falência renal e até cardíaca por anemia.
"Não foi dado nenhum sinal ao presidente venezuelano Hugo Chávez nem à senadora colombiana Piedad Córdoba, nem ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)", afirmou Oscar López, governador do departamento de Guaviare, em cuja capital, San José, é esperado o avião-ambulância francês.
Enquanto isso, o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, voltou a afirmar na sexta-feira que não criará uma zona desmilitarizada para negociar a troca de reféns da guerrilha por rebeldes presos, como exigem as Farc.
"Uma retirada militar pode ser um golpe do terrorismo contra a Segurança Democrática, pode ser o oxigênio de que esta cobra precisa para reviver", disse Uribe em conversa com estudantes universitários em Bogotá.
A declaração foi formulada um dia após o chamado "chanceler" das Farc, Rodrigo Granda, afirmar que a troca humanitária ocorrerá apenas com a criação de uma zona desmilitarizada no sudoeste da Colômbia.
A troca humanitária envolveria 39 reféns das Farc, incluindo a franco-colombiana Ingrid Betancourt.
Segundo Uribe, as Farc sempre criam obstáculos para a troca humanitária: "sempre que propõem uma condição essencial, é algo para não negociar".
As Farc querem a zona desmilitarizada, "porque sabem que o governo não pode aceitar".
Uribe também citou a "impossibilidade jurídica" de se libertar os líderes rebeldes "Simón Trinidad" e "Sonia", presos nos Estados Unidos.
Na véspera, milhares de pessoas, segundo a polícia e os organizadores, se manifestaram nas ruas das grandes cidades colombianas em apoio à libertação de Ingrid Betancourt e de todos os reféns da Colômbia, que seriam cerca de 2.800, segundo as estimativas oficiais.
Aos gritos de "somos todos Ingrid Betancourt", os manifestantes marcharam com grandes cartazes da ex-candidata presidencial, refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) há mais de seis anos.
Paris e outras cidades francesas, por sua vez, serão cenários neste domingo de uma marcha em favor da libertação de Betancourt convocada por seus filhos.
A secretária de Estado para os Direitos Humanos francesa, Rama Yade, participará neste ato, em que os participantes deverão se vestir todos de branco.
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